terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Você tem centenas de falhas em seu DNA


A velha frase “ninguém é perfeito” se aplica muito bem quando falamos em termos de genética: de acordo com estudo publicado recentemente, cada um de nós tem em média 400 falhas em nosso DNA.
Sem pânico, contudo: a maior parte delas é “silenciosa” e não compromete nossa saúde. Mesmo aquelas “perigosas” não necessariamente se manifestam. “Pessoas comuns carregam mutações causadoras de doenças sem ter qualquer efeito evidente”, ressalta o pesquisador Chris Tyler-Smith, do Wellcome Trust Sanger Institute (Inglaterra). Porém, ele alerta que “em uma população, haverá variantes que trarão consequências para a saúde das pessoas”.

O estudo usou como base dados do projeto 1.000 Genomas, que está decodificando o genoma de mil pessoas aparentemente saudáveis da Europa, das Américas e do leste da Ásia. O objetivo do projeto é entender melhor como os genes diferenciam as pessoas, bem como encontrar explicações genéticas para diversas doenças.
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Tyler-Smith e seus colegas compararam os genomas de 176 participantes com uma base de dados sobre mutações genéticas desenvolvida pela Universidade de Cardiff (País de Gales). Foi revelado que uma pessoa “saudável” carrega em média 400 variações de DNA potencialmente danosas e duas reconhecidamente associadas a doenças. De acordo com o pesquisador David Cooper, que participou do estudo, a análise mostrou que “falhas nos tornam diferentes, às vezes com diferentes habilidades e perícias, mas também com diferentes predisposições a doenças”.

Loteria genética

As consequências das falhas de DNA são difíceis de prever: muitas só causam danos se forem passadas para a geração seguinte (se o filho receber o gene defeituoso tanto do pai como da mãe); outras (cerca de uma em cada dez no estudo) só causam uma condição simples, ficam inativas por um tempo ou sequer chegam a se manifestar ao longo da vida; e existem algumas, porém, que podem fazer com a que a pessoa tenha mais chances de desenvolver doenças como câncer ou problemas cardíacos.
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Estudos como o 1.000 Genomas ou o de Tyler-Smith podem ter uma importância ainda maior no futuro, caso a medicina personalizada (que leva em conta as características do paciente, ao invés de usar tratamentos focados apenas na doença) ganhe espaço e se apoie em informações genéticas. Com o avanço dos estudos, o custo para sequenciar o genoma de uma pessoa vem caindo.
Contudo, como ainda é difícil saber as consequências que determinadas falhas genéticas podem trazer, fazer diagnósticos preventivos com base nesses dados esbarra em questões éticas. Para algumas pessoas, certos genes podem nunca causar a doença à qual estão associados, enquanto “para outras, haverá consequências, e avisá-las previamente pode ser útil, mas pode também ser uma surpresa desagradável para o participante”, lembra Tyler-Smith.

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