O problema é que a natureza rege. Nós somos animais fiéis
às noções instintivas de qualquer irracional. O humano possui uma
necessidade quase primitiva de liderança e direcionamento. Por isso há o
fanatismo. E de todos os fanatismos, que é a doença da razão, o que
mais conquista é a religião. Justamente por entrelaçar as necessidades
animais com as necessidades da razão em busca de respostas para dúvidas
que transcendem o existencialismo, a religião cativa e carrega
multidões.
Ela, de certa forma, conforta as incertezas e desperta a
cadeia instintiva de hierarquia e necessidade de liderança. Muitos
precisam da religião até como um modo de se aprender a viver. Não é raro
encontrar quem não têm poder de decisão sobre suas próprias vidas.
Apenas permitem que outros decidam como elas devem viver baseando-se num
livro supostamente escrito há mais de dois mil anos e que veio sendo
modificado através dos tempos justamente pelos líderes do povo que
quiseram empregar suas próprias vontades e direcionar seu rebanho aonde
bem entendessem. Dizem por aí que há vinte e três formas de se
interpretar a bíblia. Mas isso é um grande engano. Há milhões, bilhões
de modos. Duas pessoas nunca lêem o mesmo livro. Há várias formas de se
interpretar uma mesma frase, principalmente de um livro tão metafórico
quanto a bíblia.
Resta então uma liderança maior que decida por toda uma
sociedade qual é o modo mais adequado de agir. É o uniforme da razão
insatisfeita, do medo da morte, o conforto das perdas, o auxílio
existencial, os ditames do hábito, a paz de espírito aos que acreditam
que esse exista. O Vaticano devia apenas mudar seu nome para Hábito Corp.
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