segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Uniforme da razão insatisfeita

          O problema é que a natureza rege. Nós somos animais fiéis às noções instintivas de qualquer irracional. O humano possui uma necessidade quase primitiva de liderança e direcionamento. Por isso há o fanatismo. E de todos os fanatismos, que é a doença da razão, o que mais conquista é a religião. Justamente por entrelaçar as necessidades animais com as necessidades da razão em busca de respostas para dúvidas que transcendem o existencialismo, a religião cativa e carrega multidões.
          Ela, de certa forma, conforta as incertezas e desperta a cadeia instintiva de hierarquia e necessidade de liderança. Muitos precisam da religião até como um modo de se aprender a viver. Não é raro encontrar quem não têm poder de decisão sobre suas próprias vidas. Apenas permitem que outros decidam como elas devem viver baseando-se num livro supostamente escrito há mais de dois mil anos e que veio sendo modificado através dos tempos justamente pelos líderes do povo que quiseram empregar suas próprias vontades e direcionar seu rebanho aonde bem entendessem. Dizem por aí que há vinte e três formas de se interpretar a bíblia. Mas isso é um grande engano. Há milhões, bilhões de modos. Duas pessoas nunca lêem o mesmo livro. Há várias formas de se interpretar uma mesma frase, principalmente de um livro tão metafórico quanto a bíblia.
          Resta então uma liderança maior que decida por toda uma sociedade qual é o modo mais adequado de agir. É o uniforme da razão insatisfeita, do medo da morte, o conforto das perdas, o auxílio existencial, os ditames do hábito, a paz de espírito aos que acreditam que esse exista. O Vaticano devia apenas mudar seu nome para Hábito Corp.

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